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segunda-feira, 14 de março de 2011

Minha menina



A cada semana que passava era notável a mudança, a barriga crescia cada vez mais e minha ansiedade era grande para ver o rostinho lindo de minha menina. O nome já tinha sido escolhido. Maria Eduarda, Duda, como já a chamávamos. Foi emocionante quando a senti pela primeira vez, ela mexeu. Confesso-lhes, foi emocionante, mas assustador também. Ficava horas atenta á espera de um chutinho, uma comunicação. Às vezes ela ficava um dia inteiro quietinha, parecia dormir. Eu ficava apreensiva. Não só eu, mas como todos ao nosso redor. Mas quando finalmente ela decidia dá um sinalzinho era um alvoroço todos em cima daquela barriga enorme.
- Olha, ela tá chutando desse lado – um dizia
- O que será essa parte durinha? – Outro perguntava
- Deixa eu ver,sai... É a cabecinha. - Outro informava
- Não, a cabecinha é essa aqui! – outra discutia
- olha, chutou mais forte desse lado – Outro gritava
Eram ouvidos, eram mãos, eram conversas, eram canções, e assim por diante, tudo para aquela menininha que aguardávamos ansiosamente.

Cuidado aos extremos, ela já era mimada desde a barriga.

- Sim, você tem que se alimentar direito - Diziam.
- Não, você não pode comer isso – Alertavam
- Não, não! Deixe que eu faço isso para você – Gritavam
- Sim temos de cuidar, é ela que é o baú de nosso tesourinho. – Diziam

E eu, consentia com tudo. Eu amava aquilo tudo, amava participar, amava esperar, amava mimar.
Nunca tinha acompanhado de tão perto uma gravidez. Foi maravilhoso, enquanto elas estavam perto de mim. Mas, doloroso, ao vê-las partirem. Minha prima teve de voltar para São Paulo. Sim, ela voltou levando com ela meu bebê, nossa menininha. Mesmo, antes de eu ver seu rostinho. Choramos, sim, choramos muito, muito, depois de um ano ainda choro.
Já á vi, mas nunca pude carregá-la. Já vi seu lindo rostinho, mas nunca pude tocá-lo. Já vi sua linda risadinha, mas nunca pude ouvi-la. Já vi sua mãozinha, mas nunca pude apertá-la. E o que mais me dói é que ela nem sabe que existo.

Boas noticias, em breve carregarei, beijarei, mimarei a menina que mesmo antes de conhecê-la eu já a amei.

3 comentários:

  1. Ser mãe é uma dádiva. e sim, eu já estou morando em brasília!

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  2. o poeta : é uma bensao d Deus ser mae .......e amar alguem gerado no utero é sublime....gostei da materia

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  3. Admirar, gostar, querer bem,esperar, bem antes de conhecer. O amor ultrapassa as barreiras do espaço, tempo, lugar. É perfeito sentir essa sensação que denominam amar

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